Eu era aquela que toda a gente conhecia, aquela que todos ouvia, aquela que sorria, aquela que tinha sempre uma palavra amiga. Cada vez que me ouviam sentia que a minha palavra era ouvida, dissecada com minúcia através de uma lupa de sentimentos e de emoções....todos esperavam tudo de mim.

Eu era também aquela anónima sem rosto, no meio de todos aqueles que me conheciam, aquela a quem ninguém perguntava por nada, aquela por quem ninguém se interessava, aquela que ninguém via chorar de dor, de medo, de raiva, de duvida, de angustia, eu era aquela....

Mas quem era eu afinal? A que sorria ou a que chorava, ou as duas, ou nenhuma!

NÃO SABIA.

Um dia perguntei-me, quem sou eu, o quero, o que faço aqui....um dia perguntei-me: QUEM SOU EU ? Naquele momento pensei, Meus Deus que tenho andado a fazer? Não sei quem sou! Senti-me vazia, oca, desprovida de conteudo, desprovida de vida....

Depois reinventei-me, libertei-me das grades interiores que me aprisonavam, preenchi-me de identidade e transformei-me... Nesse dia sai à rua, sorri, sorri com o coração, disse bom dia a todos, sem medo de me apontarem o dedo....simplesmente sorri e encontrei-me.